domingo, 8 de março de 2009

Era um navio. Grande, bem disposto, com muitas pessoas. Quando ele olhava pra ela, já sabia que não teria outra alternativa que não a de ir cumprimetar.
A voz falhava, mas ele no auge da sua juventude, consegiu dizer: Oi, há quanto tempo né?
Ela, assustada ao ver que era ele (e logo ele) que a tomava de repente, pensou em sair dali, e encontrar seus amigos, mas afinal, ela esperava por esse momento.
Olhou com cara de surpresa e disse: Pois é, mas o mundo é pequeno...
O homem já se perguntava se estava fazendo papel de bobo ( e internamente as vozes diziam: está! e faz tempo) Já a mulher ria consigo mesma e pensava: nunca o vi tão desarmado como hoje...
Ele imposta a fala e reproduz: e você mudou, está mais segura, mais determinada, mais....
"Nossa, você percebeu tudo isso vindo apenas me dar oi?"
- Para você ver como consigo ler você...
"Acho que não mais, esse livro mudou, já são outras linhas a serem escritas...."
Ele para, pensa e solta diretamente: Você sente saudades? Nem mesmo aquela vontade de bater um papo?
E ela, sem se quer piscar, diz: Até sinto, mas é bem menor do que a vontade que eu tenho de sair daqui, e terminar essa conversa.
O moço engole a seco a resposta torta e diz: eu te fiz tão mal?
E ela, sinceramente, diz: Fez, mas já passou....talvez por isso não sinta mais falta.
E o homem diz: Você mente para si mesma com frequência, como está fazendo hoje?
A mulher se assusta com a pergunta, e com cara de reprovação diz: Não. Isso eu deixo para você fazer...
- Como assim?
"Você se engana a todo momento....Você não sabe encarar as verdades. Bom, vou encontrar meus amigos! Até mais"
Com cara de decepção ele pensa no que o afastou dela, que não ele mesmo. E não vê respostas....
Talvez ele não soubesse encarar as verdades e seu próprio jeito de ser.
Continuava optando pelo imaginário ao invés do real.
E sentia, irremediavelmente, muitas saudades dela.